Se hoje olhamos para o céu e sabemos que as estrelas, entre elas o Sol, são compostas principalmente de hidrogênio e hélio, é graças à astrônoma Cecilia Payne-Gaposchkin. Nascida no interior da Inglaterra no dia 10 de maio de 1900, ela estabeleceu a carreira acadêmica na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, onde trabalhou até se aposentar, em 1966.
Em 1919, Cecilia ganhou uma bolsa para estudar no Newnham College, da Universidade de Cambridge. Aprofundou-se em botânica, física e química e, embora tenha completado a graduação, não recebeu diploma por ser mulher. Cambridge só começou a conceder diplomas para mulheres depois de 1948. Em seguida, mudou-se para os EUA para fazer doutorado em Astronomia na Universidade Harvard.
Aplicando a equação de ionização criada pelo físico indiano Meghnad Saha e cruzando dados por dois anos, Cecilia finalmente descobriu do que as estrelas eram feitas: hidrogênio e hélio. Mas seu orientador na época, o astrônomo Henry Norris Russell, achou que a conclusão da cientista estava errada, e ela seguiu o conselho dele de omitir a descoberta da tese. 4 anos depois, Russell chegou ao mesmo resultado e publicou a conclusão, mencionando o trabalho de Payne-Gaposchkin brevemente. Como era de se esperar, ele recebeu o crédito pela descoberta.
Apesar de ter tido a dissertação muito elogiada e recebido diferentes reconhecimentos, não era fácil ser mulher nos anos 1920. A cientista começou a lecionar em Harvard em 1925, mas o presidente da universidade deixou claro que jamais daria a ela o cargo oficial de professora — ela era listada como uma assistente técnica e recebia um salário muito baixo.
Em 1956, Payne-Gaposchkin finalmente se tornou chefe do Departamento de Astronomia de Harvard e deixou um conselho para as jovens mulheres: “Não siga uma carreira científica por fama ou dinheiro… Siga a carreira científica só se nada mais trouxer satisfação, porque ‘nada mais’ é provavelmente o que você vai receber. Sua recompensa é a ampliação do horizonte na medida em que você escala. E, se você conseguir essa recompensa, não vai querer nenhuma outra.”
Fonte: Revista Galileu.